O ex-presidente dos EUA (e candidato à Casa Branca em 2024), Donald Trump, obteve, nesta sexta-feira (22), aval dos investidores de uma empresa de aquisição de cheque em branco terem aprovado fusão envolvendo a Truth Social, rede social de Trump.

O acordo compreende a participação majoritária do ex-presidente na empresa que detém a Truth Social em cerca de US$ 3,3 bilhões (R$ 16,5 bilhões, na conversão direta), sendo que a fusão está avaliada em US$ 5,7 bilhões (R$ 28,51 bilhões).

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O dinheiro que pode chegar para Trump pode ser vital para si, já que ele enfrenta vários processos, sendo que foi condenado a pagar US$ 454 milhões (R$ 2,27 bilhões) em um deles, como lembra a Reuters.

Trump e a fusão da Truth Social

  • Acionistas da Digital World Acquisiton Corp (DWAC), sociedade de propósito específico (SPE), que quer listar a Trump Media e a Technology Group no mercado de ações via fusão, aceitou o negócio;
  • O acordo pode ser concluído na próxima semana, mas o futuro da rede social é incerto;
  • O ex-CEO da Digital World, Patrick Orlando, e os ex-sócios de negócios de Trump, Andy Litinsky e Wes Moss, pediram um processo em separado para pedir mais ações por seu trabalho anterior no acordo;
  • Ainda não se sabe como essa situação será resolvida.

A Reuters ressalta que, mesmo que o acordo se conclua na semana que vem, Trump será impedido de vender quaisquer ações na nova empresa durante seis meses, tampouco contrair empréstimos no nome delas.

Possível injeção maciça de dinheiro

O acordo prevê, ainda, possível injeção de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) para a Trump Media and Technology Group (TMTG), controladora da Truth Social. Nos primeiros nove meses do ano passado, ela perdeu US$ 10,6 milhões (R$ 53,03 milhões) de suas operações, obtendo receita de US$ 3,4 milhões (R$ 17 milhões).

Para se sustentar, a companhia vem contraindo empréstimos por meio de notas promissórias conversíveis e pagáveis em estoque, no valor de US$ 40,7 milhões (R$ 203,61 milhões).

Baseando-se na forma como as ações da Digital World foram negociadas há pouco, espera-se que a TMTG seja avaliada em até US$ 5,7 bilhões (R$ 28,51 bilhões) após a fusão com a Digital World em base não diluída, sendo até US$ 8,6 bilhões (R$ 43,02 bilhões) em base 100% diluída – ela leva em conta bônus de subscrição a serem exercidos e ações de earnout a serem emitidas.

O valor da avaliação em base totalmente diluída é um pouco menos da metade do X, rede social de Elon Musk, que, vale dizer, é bem mais popular que a de Trump.

Em fevereiro, a Digital World alegou que a Truth Social chegou a 8,9 milhões de usuários, ante mais de meio bilhão de usuários mensais do X, de acordo com Musk.

Donald Trump
Imagem: Drop of Light/Shutterstock

Outro detalhe é a quantidade de seguidores de Trump: enquanto o ex-presidente dos EUA tem 6,7 milhões de seguidores em sua própria rede social, ele tinha mais de 88 milhões quando o X (ainda Twitter, na época) o suspendeu. Após sua conta ter sido reativada, ela ainda possui 87,4 milhões de seguidores.

Um usuário da Truth Social, @racinrob, afirmou que a compra das ações “ajudará o presidente Trump a obter seu título, comprar 4 ações por todos beneficiará a todos”.

Após a aprovação do negócio por seus acionistas, as ações da Digital World caíram mais de 10% nesta sexta-feira (22).

Percalços – nem tudo são flores

Caso o negócio avance, Trump terá entre 58,1% e 69,4% da nova empresa – vai depender da extensão em que os investidores apoiarem o acordo.

A TMTG foi criada após o bloqueio aos perfis do ex-presidente dos EUA em Facebook, Twitter e YouTube, causado pela invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Desde então, são vários os contratempos e atrasos envolvendo o acordo. A Digital World, por exemplo, foi investigada pelo Departamento de Justiça dos EUA e pela SEC, destituiu Orlando do cargo de presidente-executivo e causou furor no conselho da empresa.

A empresa acabou firmando acordo com a SEC no valor de US$ 18 milhões (R$ 90,05 milhões). O órgão regulador do mercado de ações estadunidense acusou a companhia de enganar seus investidores ao não divulgar, em documentos, que havia formulado plano para adquirir a TMTG e que estava buscando o negócio antes de seu IPO.

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