O CEO da Intel, Pat Gelsinger, disse, nesta quinta-feira (21), que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está pressionando a empresa para que novas fábricas de chips financiadas pelo governo comecem a funcionar mais rapidamente.

O discurso vem em meio a relatos de atrasos e custos crescentes na principal iniciativa da Casa Branca para revitalizar a fabricação de alta tecnologia dos EUA. “Ele quer maior, quer mais cedo”, disse Gelsinger, sobre o assunto, na Cúpula Futurista do The Washington Post. Ele disse, ainda, que a secretária de Comércio, Gina Raimondo, “agora tem metas de vendas para mim”.

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  • A administração Biden anunciou, na quarta-feira (20), que a Intel receberá US$ 8,5 bilhões (R$ 42,29 bilhões, em conversão direta) em doações e US$ 11 bilhões (R$ 54,73 bilhões) em empréstimos para ajudá-la a realocar parte da produção de chips de computador no exterior;
  • As autoridades estadunidenses ficaram alarmadas com o fato de o ponto central da indústria ter mudado para a China e outras nações de custos mais baixos na Ásia Oriental, considerando o desenvolvimento um risco de segurança para os EUA;
  • Biden prometeu trazer a indústria de volta ao coração dos EUA.

Sobre o pacote de subsídios e apoios a outros fabricantes de chips, Gelsinger os classificou como “a peça mais importante da política industrial desde a Segunda Guerra Mundial”, dizendo ainda que o programa é preciso se os Estados Unidos quisessem competir com rivais internacionais.

O CEO da Intel pontou que o cronograma para a nova fábrica da Intel em Ohio está “dentro do intervalo”, após relatório da empresa para autoridades de Ohio revelado este mês apontar que a data para a planta começar a operar teve sua estimativa inicial ampliada de 2025 para 2027 ou mais tarde.

Passamos por ciclo econômico bastante difícil e a indústria de semicondutores foi atingida de forma um pouco mais dura. Se você for a Columbus… temos milhares de trabalhadores da construção civil no local hoje.

Pat Gelsinger, CEO da Intel, durante a Cúpula Futurista do The Whashington Post

Gelsinger também indicou que teve “muitas conversas” com o CEO da OpenAI, Sam Altman, sobre a construção da cadeia de suprimentos de chips de IA, e que espera produzi-los nas instalações da Intel em Ohio.

Anna Makanju, vice-presidente de assuntos globais da OpenAI, disse, na cúpula, nesta quinta-feira (21), que a empresa estava considerando vários potenciais parceiros de investimento em chips, após surgir a informação de que Altman estaria conversando com investidores nos Emirados Árabes.

“Estamos conversando com muitas pessoas para tentar entender quem está posicionado para fazer esse tipo de investimento. Mas, obviamente, sempre ficamos próximos do governo dos EUA nisso”, ressaltou.

Pessoa tocando em tela de celular com logotipo da Intel na tela
Imagem: Ascannio/Shutterstock

Makanju apontou que, mesmo com os investimentos de Biden no setor, ainda pode haver contínua escassez global de chips à medida que empresas em todo o globo precisem deles para alimentar sistemas avançados de inteligência artificial (IA). “A demanda realmente vai disparar e não está claro se a oferta irá atendê-la”, alertou.

Do lado do governo, Stefanie Tompkins, diretora da Agência de Projetos de Investigação Avançada de Defesa do Pentágono, (DARPA, na sigla em inglês), disse, no evento, que havia necessidade de investimentos tecnológicos liderados pelo governo em áreas onde a rentabilidade não poderia ser garantida para o setor privado.

No mundo comercial, obviamente, há muito dinheiro investido no desenvolvimento tecnológico, mas este estará sempre alinhado principalmente com motivação empresarial. Você tem que ser capaz de ganhar dinheiro. Nos tipos de coisas que a DARPA e outras organizações governamentais tendem a pensar, muitas vezes pensamos nos problemas que não se alinham nesse espaço.

Stefanie Tompkins, diretora da Agência de Projetos de Investigação Avançada de Defesa do Pentágono, (DARPA), durante a Cúpula Futurista do The Whashington Post

Gelsinger também disse acreditar que a liderança do governo era necessária para dar à indústria dos EUA os incentivos financeiros certos. “Nenhuma de nossas políticas nos EUA incentiva investimentos de capital a longo prazo. Estamos em ciclos de lucro trimestrais… se você for medido apenas em relógio de 90 dias, é isso que você obtém”, pontuou.

Acredito ser necessário repensar fundamentalmente estes longos ciclos de investimento de capital industrial e garantir que nossa política financeira e industrial apoie a I&D. E, claramente, a Intel tropeçou. Tivemos várias gerações de líderes não-técnicos que não tinham essa visão de fabricação e inovação de produtos e do que era necessário.

Pat Gelsinger, CEO da Intel, durante a Cúpula Futurista do The Whashington Post

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