Chame de golpe digital, golpe virtual ou golpe na internet. O nome não importa. O que importa é que eles têm se tornado cada vez mais comuns. Milhões de pessoas são deixadas para trás todos os meses no mundo. E elas perdem de dinheiro à privacidade.
Isso não é segredo para ninguém. A grande novidade da vez é que uma grande parte dessas pessoas afetadas pode ter sido vítima de uma quadrilha apenas. Ou melhor, vítima de um esquema com alcance global e que tem origem na China. É o que revela uma investigação conjunta feita pelos jornais The Guardian, Die Zeit e Le Monde.
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Os jornalistas, em parceria com o Chartered Trading Standards Institute, do Reino Unido, examinaram denúncias de fraudes muito parecidas: pessoas que tiveram o dinheiro ou os dados roubados a partir de sites que prometiam grandes promoções de lojas de luxo, como Dior, Lacoste, Hugo Boss, Versace e Prada.
Os anúncios falam em descontos de 50% nos produtos. Esses endereços, no entanto, nada têm a ver com as marcas oficiais. Ou seja, as pessoas compartilham os dados e por vezes concluem a compra, perdendo dinheiro e não recebendo nada.
De acordo com o The Guardian, mais de 800 mil pessoas na Europa e nos EUA caíram nesse golpe.
Megaesquema de golpe
- De acordo com a investigação, todas essas pessoas foram vítimas de uma mesma organização.
- Os especialistas afirmam que a operação é altamente organizada, tecnicamente experiente – e contínua.
- Operando em escala industrial, um grupo de programadores que fica na China teria criado 76 mil lojas online falsas dessas marcas de luxo.
- E são sites em vários idiomas, do inglês ao alemão, francês, espanhol, sueco e italiano – todos eles muito bem feitos.
- As primeiras lojas falsas da rede datam de 2015.
- Foram mais de 1 milhão de “pedidos” só nos últimos três anos, de acordo com a análise dos dados.
- Nem todos os pagamentos foram concluídos com sucesso, mas a análise sugere que o grupo pode ter tentado receber até 50 milhões de euros durante o período.
- Muitas lojas não existem mais, mas um terço delas – mais de 22.500 – ainda estão em funcionamento.
- Como dissemos, cerca de 800 mil pessoas, quase todas na Europa e nos EUA, partilharam endereços de e-mail, sendo que 476 mil delas partilharam dados de cartões de débito e de crédito, incluindo o seu número de segurança de três dígitos.
- Todos eles também entregaram seus nomes, números de telefone, e-mail e endereços postais à rede.
- Katherine Hart, diretora do Chartered Trading Standards Institute, descreveu a operação como “um dos maiores golpes de lojas falsas online que já vi”.
Negócio da China
A descoberta da existência dessa rede de lojas falsas foi da Security Research Labs, uma consultora alemã de cibersegurança, que obteve vários gigabytes de dados e os compartilhou com os jornais.
A partir da análise deles, os consultores descobriram que um grupo principal de desenvolvedores construiu um sistema para criar e lançar sites de forma semiautomática, permitindo uma implantação rápida.
O consultor do SR Labs, Matthias Marx, descreveu o modelo como “semelhante a uma franquia”. Apenas 210 usuários acessaram o sistema desde 2015, indicando que essa quadrilha que opera em nível global não é tão grande como parecia.
Os IPs originais são todos da China. Documentos de folha de pagamento sugerem que os “franqueados” aparecem como desenvolvedores e coletores de dados, e recebem salários por meio de bancos chineses.
E um fato curioso é que nem todas as vítimas perderam dinheiro. Mas todas elas tiveram os dados roubados. De acordo com a consultoria alemã, dados são tão importantes quanto dinheiro hoje em dia. E não se pode descartar a possibilidade dessas informações terem chegado ao governo chinês.
As informações são do The Guardian.
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