Na noite desta terça-feira (23), mais precisamente às 20h48 (pelo horário de Brasília), tem início a lua cheia de abril, que é chamada de “Lua Rosa” – e isso não tem absolutamente nada a ver com a cor que ela é vista no céu.
Primeiro, vale esclarecer de onde vem essa nomenclatura. De acordo com o Old Farmer’s Almanac (Almanaque do Velho Fazendeiro), uma das publicações mais tradicionais dos EUA voltadas à vida no campo, a lua cheia de cada mês do ano tem uma designação própria.
Luas cheias de 2024:
- 25 de janeiro de 2024: Wolf Moon (Lua do Lobo)
- 24 de fevereiro de 2024: Snow Moon (Lua de Neve)
- 25 de março de 2024: Worm Moon (Lua de Minhoca)
- 23 de abril de 2024: Pink Moon (Lua Rosa)
- 23 de maio de 2024: Flower Moon (Lua das Flores)
- 21 de junho de 2024: Strawberry Moon (Lua de Morango)
- 21 de julho de 2024: Buck Moon (Lua dos Cervos)
- 19 de agosto de 2024: Sturgeon Moon (Lua do Esturjão)
- 17 de setembro de 2024: Harvest Moon (Lua da Colheita) (super)
- 17 de outubro de 2024: Hunter’s Moon (Lua do Caçador) (super)
- 15 de novembro de 2024: Beaver Moon (Lua do Castor)
- 15 de dezembro de 2024: Cold Moon (Lua Fria)
Por que “Lua Rosa”
Ainda segundo o Old Farmer’s Almanac, esse título está associado ao florescimento da planta Phlox subulata (popularmente chamada de flox rastejante ou flox da montanha) na primavera do Hemisfério Norte, uma flor silvestre cor de rosa nativa do leste dos EUA.
A tribo Dakota chamava de “Lua quando os riachos são novamente navegáveis”, enquanto a tribo Tlingit tratava como “Lua florescente de plantas e arbustos”, em referência ao fim do inverno e ao ressurgimento do crescimento das vegetações.
Ela também é chamada de Pascal, por aparecer próxima ao feriado cristão de Páscoa.
Para os hindus, marca o Hanuman Jayanti, que celebra o deus-macaco Lord Hanuman. Já para os budistas, especialmente os do Sri Lanka, esta é a lua cheia de Bak Poya, um feriado que celebra a visita do Buda ao país, onde ele resolveu uma rivalidade entre chefes, trazendo paz à região.
Esta é uma Superlua?
De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase completa em até 24 horas antes ou depois de atingir sua aproximação máxima com a Terra (ponto chamado de perigeu).
“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).
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Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, disse Zurita, explicando que, no meio científico, os astrônomos preferem a referência “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”.
A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).
Partindo desse princípio, 2024 terá duas Superluas (embora alguns defendam que sejam quatro). Seguindo o conceito acima, a Lua precisa entrar na fase cheia em até 24 horas antes ou depois de chegar ao perigeu, certo? Isso vai acontecer apenas em setembro e em outubro.
No caso de setembro, a fase cheia se inicia às 23h34 (horário de Brasília) do dia 17. O perigeu lunar será alcançado, por sua vez, às 10h22 do dia seguinte. Em outubro, acontece o oposto: a Lua atinge o perigeu no dia 16, às 21h50, e fica totalmente cheia no dia seguinte, às 8h26.
Há quem diga que as luas cheias de agosto e novembro deste ano também sejam “Superluas. No entanto, se for seguir à risca a concepção acordada do termo, elas não se enquadram.
Em agosto, ela fica cheia no dia 19, mas só atinge o perigeu mais de 30 horas depois. E, em novembro, a Lua chega ao perigeu no dia 14, ficando totalmente cheia quase 34 horas mais tarde. Certamente, o astro estará brilhante e imenso no céu nessas duas ocasiões, mas não oficialmente como uma Superlua.
Já no caso de abril, o perigeu foi no dia 7, muito longe no início da fase cheia, portanto, a “Lua Rosa” deste ano, indiscutivelmente, não é uma Superlua.
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