Estendendo-se por quase 200 mil km de ponta a ponta, a mancha solar AR3664 vem crescendo consideravelmente há alguns dias. Agora, ela está 15 vezes mais larga que a Terra, podendo ser vista usando óculos de proteção de eclipse. A região cresceu tanto que já se compara em tamanho e aparência visual à grande mancha solar que provocou o Evento Carrington, em 1859. 

Para ilustrar essa semelhança, o famoso esboço de Carrington (em escala) foi adicionado a uma imagem do Sol obtida pela NASA nesta quarta-feira (8):

Comparação de tamanho entre a mancha solar AR3664 e aquela que originou o Evento Carrington. Crédito: NASA via Spaceweather

Vamos entender:

  • O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;
  • Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
  • Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
  • No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia;
  • À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
  • De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em jatos de plasma (também chamados de “ejeção de massa coronal” – CME);
  • Os clarões (sinalizadores) são classificados em um sistema de letras pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
  • A classe X, no caso, denota os clarões de forte intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
  • Um X2 é duas vezes mais intenso que um X1, um X3 é três vezes mais intenso, e, assim, sucessivamente. 

O Evento Carrington foi a maior tempestade solar registrada em toda a história. Naquele dia, o Sol liberou energia equivalente a 10 bilhões de bombas atômicas. Os principais efeitos foram sentidos nas máquinas de telégrafo, que apresentaram falhas em várias partes do mundo, incluindo algumas soltando faíscas. Saiba mais sobre o episódio aqui.

Leia mais:

SOHO registra explosão solar na região AR3664

O registro abaixo, do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) – uma parceria entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) – mostra a CME deixando a mancha AR3664 no Sol cercada “entre parênteses” por Vênus (direita) e Júpiter (esquerda):

Coronógrafos a bordo do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) registraram a explosão solar na mancha AR3664. Crédito: SOHO via Spaceweather.com

Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), tempestades geomagnéticas da classe G2 (considerada moderada em uma escala que vai de G1 a G5) são possíveis no sábado (11), quando um jato de plasma solar deve atingir o campo magnético da Terra. As condições de tempestade podem escalar para a categoria G3 (forte) se uma segunda CME estiver logo atrás, como preveem os meteorologistas.

Estudos recentes sugerem que as tempestades da classe Carrington ocorrem uma vez a cada 40 a 60 anos – então, estamos atrasados.

Isso quer dizer que a Terra está prestes a ser atingida por outro evento assim? Provavelmente não. Grandes manchas solares nem sempre produzem grandes CMEs. De fato, a CME lançada em nossa direção pela AR3664 é insignificante em comparação com as de 1859. 

Embora não sejam esperados muitos problemas quando o material chegar no fim de semana, os cientistas devem continuar olho nessa região ativa crescente enquanto a Terra está em sua zona de tiro.

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