Os data centers são um problema climático que tende a aumentar nos próximos anos. Os centros de tecnologia são responsáveis por alimentar a inteligência artificial (IA), que vem crescendo em adesão desde 2022 e não deve parar tão cedo. As instalações, no entanto, precisam de energia confiável para funcionar e, eventualmente, podem sobrecarregar as redes elétricas.

Ao mesmo tempo que a energia é necessária para abastecer os data centers e, consequentemente, a IA, o mundo assume compromissos globais de diminuir as emissões de carbono. O dilema já vem dando resultados negativos: nos últimos cinco anos, o Google, um dos investidores na tecnologia, aumentou suas emissões em quase 50%.

Uma startup chamada 280 Earth tem plano para aliviar isso: uma tecnologia capaz de extrair dióxido de carbono do ar e usá-lo para resfriar data centers, melhorando sua eficiência.

Instalação inicial da 280 Earth em Oregon, nos EUA (Imagem: Reprodução/280 Earth)

Tecnologia quer melhorar eficiência de data centers

A startup surgiu na divisão X do Google, que visa a elaboração de soluções para problemas globais. A intenção da 280 Earth é remover bilhões de toneladas de carbono da atmosfera. Outras empresas já têm projetos nesse sentido, como as chamadas plantas de captura de ar. Nelas, é possível filtrar o dióxido de carbono para tratá-lo e reutilizá-lo.

A startup tem proposta parecida, mas se diferencia na operação. Funciona assim:

  • A 280 Earth conta com módulos contendo materiais absorventes (chamados sorventes) para filtrar o CO₂ da atmosfera;
  • No entanto, ao contrário das plantas de captura de ar, a companhia diz que economiza energia ao não trabalhar em lotes de grande escala;
  • No lugar, a empresa usa processo de remoção do dióxido de carbono contínuo, no qual o gás se move continuamente entre duas câmaras com os sorventes, evitando a perda de energia durante cada bateria;
  • O CEO da 280 Earth, John Pimentel, comparou o funcionamento a um forno doméstico com um forno de pizza: enquanto o primeiro aquece, mas perde calor toda vez que é aberto, o forno de pizza tem mecanismos de retenção de calor que melhoram a eficiência.
Mulher analisando data center de inteligência artificial
Data centers alimentam tecnologias computacionais, como IA (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Invenção também fornece água usando carbono

A invenção da 280 Earth não apenas captura o dióxido de carbono, mas, também, puxa vapor de água, permitindo a extração do líquido. Segundo o CEO, é possível coletar de duas a quatro toneladas de água para cada tonelada de CO₂.

Isso tem vantagens para data centers, mas, também, para outras instalações que precisem de sistemas de resfriamento.

O maior impacto da tecnologia é a remoção de carbono da atmosfera. No entanto, o produto da remoção pode ajudar data centers a se tornaram mais eficientes, o que diminui o consumo de energia e, consequentemente, de emissões.

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De acordo com o The Verge, a 280 Earth assinou acordo de US$ 40 milhões (R$ 217,58 milhões, na conversão direta) para a remoção de carbono de grandes empresas. Por meio da iniciativa Frontier, as empresas Stripe, Alphabet (dona do Google), Meta, Shopify e McKinsey usarão a tecnologia.

No caso da Alphabet, seria possível usar a invenção da startup para tornar os data centers mais eficientes e diminuir as emissões. O Olhar Digital já reportou o problema dos sistemas da big tech aqui.

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