Se você olhar para o firmamento em duas noites diferentes, no mesmo horário, perceberá que as estrelas mudam de posição. Isso acontece devido ao movimento de rotação da Terreno, por meio do qual o planeta gira em torno de seu próprio eixo, criando essa ilusão. Para observadores localizados no Hemisfério Setentrião, no entanto, uma estrela permanece imóvel: Polaris, que fica na constelação de Ursa Menor.
Essa estrela está próxima ao Polo Setentrião Etéreo, o ponto no firmamento em torno do qual todas elas parecem remoinhar. Essa proximidade faz com que a estrela seja uma referência confiável para localizar o setentrião. No entanto, essa “firmeza” é exclusivamente uma coincidência. O alinhamento entre Polaris e o eixo terrestre é temporário e mudará ao longo dos (muitos) anos.
No Hemisfério Sul, a situação é mais complicada. Não há uma estrela resplandecente o suficiente próxima ao Polo Sul Etéreo que possa servir de guia. A estrela Sigma Octantis, na constelação Octans, é a que fica mais perto desse ponto, mas sua luminosidade é tão baixa que ela é praticamente invisível a olho nu, o que torna a orientação pelo firmamento meridional um duelo maior.
Além da rotação da Terreno, há outro movimento que age sobre a posição das estrelas: a precessão. Esse fenômeno faz com que o eixo terrestre balance lentamente, porquê um pitorra em movimento, completando um ciclo a cada 26 milénio anos. Isso desvia os polos celestes, deslocando as estrelas que estão alinhadas com eles.
Há muro de três milénio anos, Polaris não era a estrela do setentrião. Naquela estação, Beta Ursae Minoris era a mais próxima do Polo Setentrião Etéreo, mas não o suficiente para ser útil porquê guia.
Em muro de 12.500 anos, Vega, uma das estrelas mais brilhantes do firmamento, assumirá o papel de estrela polar no setentrião. No Hemisfério Sul, haverá mudanças semelhantes. Dentro de 12 milénio anos, Canopus, a segunda estrela mais resplandecente do firmamento, estará próxima ao Polo Sul Etéreo.
Essa alternância demonstra a uniforme dinâmica do cosmos, que muda em escalas de tempo muito além de uma vida humana.
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Por que as estrelas polares são importantes?
Durante a maior secção da história da humanidade, transpor territórios desconhecidos foi um duelo – principalmente para se orientar. Antes da popularização de instrumentos porquê bússolas e sextantes, as estrelas polares eram ferramentas cruciais para viajantes, oferecendo um guia confiável para o setentrião ou o sul. Essa orientação simples, mas poderosa, foi vital para a sobrevivência e exploração de diversas culturas.
Um exemplo marcante é a Ferrovia Subterrânea, rede que ajudava escravos fugitivos nos EUA. A libertador nascida escrava Harriet Tubman e outros condutores ensinavam os refugiados a identificar a Estrela Polar para seguir rumo ao setentrião, em procura de liberdade.
A valor das estrelas polares transcende continentes e épocas. Canopus, por exemplo, foi a estrela do polo sul há muro de 14 milénio anos. Para os indígenas australianos, sua antiga posição no firmamento foi tão significativa que teria sido preservada nas tradições da Tasmânia, mesmo milênios posteriormente sua mudança na paisagem sideral.
Uma vez que podemos ver, mais do que simples pontos brilhantes no firmamento, estrelas polares representam esperança, orientação e a relação atemporal entre os seres humanos e o cosmos.
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