Com o objetivo de estribar consultores, gestores públicos, empreendedores e comunidades no desenvolvimento de iniciativas de turismo comunitário no contexto do ecoturismo foi lançado o Manual de Boas Práticas para Projetos de Turismo de Base Comunitária, nessa quinta-feira (12), no Núcleo de Convenções de Bonito, durante o Inspira Ecoturismo 2024. O guia inovador foi produzido pelo Sebrae/MS, por meio do Polo Sebrae de Ecoturismo.
O manual já está disponível para download gratuitamente no site do Polo Sebrae de Ecoturismo. Acesse cá
A iniciativa surgiu para aprimorar o conhecimento em Turismo de Base Comunitária (TBC). “Em dezembro de 2022, realizamos uma missão técnica com gestores e técnicos do Sebrae de Mato Grosso do Sul ao Amazonas e identificamos a urgência de aprofundar nosso conhecimento sobre TBC, além de aproveitar as oportunidades que surgem da combinação com o ecoturismo”, explicou Telcio Prieto Barboza, gestor do Polo Sebrae de Ecoturismo.
Além de trazer conceitos, reflexões essenciais e o histórico sobre o turismo de base comunitária, o manual oferece abordagens práticas, orientações objetivas e cases inspiradores para facilitar consultorias e o estampa de experiências de forma responsável. Desenvolvido pelo Instituto Vivejar, reconhecido por sua atuação em territórios e comunidades tradicionais em todo o Brasil, o material surgiu da urgência de oferecer teor qualificado sobre a gestão de projetos e consultoria em TBC no segmento do ecoturismo.
Marianne Costa, CEO do Instituto Vivejar e coautora do manual, reforçou que o turismo comunitário não é um segmento uma vez que o ecoturismo. “O turismo de base comunitária não é um segmento. Ele surge uma vez que um protótipo de gestão, fundamentado na autonomia de decisão e escolha das pessoas da própria comunidade, com o intuito de fortalecer o coletivo, valorizar o território, a cultura e os saberes tradicionais. Ele pode estar presente em qualquer segmento turístico”, argumentou.
Com enfoque em práticas que geram impacto positivo nas comunidades, o manual aborda questões uma vez que as premissas para projetos com comunidades e a identificação de potencial turístico no contexto do turismo comunitário. Reúne ainda uma risca do tempo do TBC no Brasil e no mundo e apresenta links para outros materiais esclarecedores sobre comunidades tradicionais, turismo comunitário e turismo responsável.
Referência no turismo de base comunitária

Para compartilhar sua experiência em empreender no turismo de base comunitária, o Inspira Ecoturismo recebeu nessa quinta (12) Dominga Natália Rosa, liderança da comunidade quilombola Kalunga, de Chapada dos Veadeiros (GO). Com uma atuação de mais de 20 anos no mercado, o quilombo é uma referência para os povos tradicionais e originários.
Professora de formação, condutora de visitantes e empresária comunitária no setor de hospedagem na comunidade Kalunga do Talento II, Dominga tem atuado na melhoria e no desenvolvimento de experiências comunitárias no quilombo, principalmente na ampliação da participação das mulheres na gestão territorial. Ela explicou que, para que projetos tenham eficiência, é necessário integrar toda a comunidade na tomada de decisões.
Primeiro, fizemos o nosso regimento interno, onde estão todas as demandas das comunidades, e criamos grupos com avaliadores de projetos, compostos por pessoas de todo o território. Antes de qualquer projeto chegar à comunidade, ele precisa passar por essa instância de avaliação. Antes, recebíamos projetos que não atendiam às nossas necessidades ou interesses. Hoje, temos o controle em nossas mãos, e os projetos passam pelo nosso crivo antes de serem implementados.
Dominga Natália Rosa, líder da comunidade quilombola Kalunga, de Chapada dos Veadeiros (GO).
O “Turismo de Base no Quilombo Kalunga” reúne uma série de atividades turísticas, uma vez que a visitante guiada pelo território, hospedagem, culinária, visitas às cachoeiras e a vivência. As experiências são guiadas pelas famílias Kalunga, gerando ocupação, renda e qualidade de vida. Esses benefícios se estendem a toda a população sítio da Chapada dos Veadeiros, já que muitos visitantes se hospedam nas pousadas e campings da cidade, além de movimentarem a cena artística, cultural e mercantil.
Geração de renda para povos originários
Com o objetivo de fortalecer o turismo de base comunitária nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, o Sebrae/MS vem promovendo diversas ações para impulsionar a economia circundar junto às comunidades tradicionais do Estado. Uma vez que segmento dessa atuação, lideranças indígenas também estiveram presentes no Inspira Ecoturismo.
É o caso do parelha Jefferson Fonseca e Edneia Miranda da Silva, que encontrou no turismo uma novidade curso e uma forma de vulgarizar sua cultura por meio da hospitalidade. Eles moram na povoação Babaçu, em Miranda, onde vivem murado de 487 famílias e quase 800 pessoas, e participaram também do curso Competências Mínimas de Condutor (CMC) de Ecoturismo e de Turismo de Façanha, levado pelo Sebrae ao sítio.
“Estamos nessa função há murado de dois meses, recebendo visitantes de diferentes partes do mundo, uma vez que chineses, ingleses e espanhóis, além de grandes grupos de até 40 pessoas. Para a nossa povoação, o turismo tem sido extremamente importante, pois ajudou a revitalizar aspectos da nossa cultura que estavam se perdendo, uma vez que a comida típica, as danças e o trabalho artesanal. Já venho desenvolvendo artesanato, cestarias e cerâmica há três anos, e agora estamos preparados para receber turistas de maneira profissional”, contou Jefferson.
“Com o projeto de guia turístico de base comunitária, conseguimos reerguer nossa comunidade, principalmente as artesãs, e focamos muito nos jovens. Estamos promovendo oficinas para crianças e adolescentes, para que, aos poucos, eles compreendam a prestígio do projeto e para envolver toda a comunidade, sem deixar ninguém para trás. Temos realizado aulas de artesanato e nossa língua materna, que estava sendo esquecida, também está sendo resgatada”, complementou Edneia.
Fruto de pais Guarani-Kaiowá e Terena, Dênis Daniel de Oliveira é outra liderança indígena que participou do Inspira Ecoturismo. Idealizador da primeira dependência de etnoturismo do estado, ele expôs no espaço Arte que Inspira, montado na Rossio da Liberdade, trazendo a pintura com tinta de jenipapo uma vez que forma de atrair público para as artes da cestaria e cerâmica expostas no sítio.
Ele relatou que foi a terceira vez que participou do evento e que a expectativa é, por meio do associativismo, fazer com que as aldeias evoluam em direção ao turismo de base comunitária não somente uma vez que manancial de renda, mas uma vez que uma utensílio para a divulgação da cultura desses povos. “Percebemos que as comunidades ainda não estavam organizadas para solicitar o projecto de visitação, que é principal para trabalhar em terras indígenas, e que as comunidades não tinham associações ou cooperativas estruturadas. Portanto, iniciamos um processo de consultoria e capacitação para isso.”
Inspira Ecoturismo
Com o tema “Construindo Novos Destinos”, o Inspira Ecoturismo chega à sua terceira edição e termina neste sábado (14), em Bonito. O evento é uma iniciativa do Sebrae/MS, por meio do Polo Sebrae de Ecoturismo, com cinco dias intensos de estágio, networking e exploração de destinos turísticos. É uma oportunidade única para empreendedores e gestores do setor se conectarem, trocarem experiências e descobrirem novas práticas e inovações.
Mais informações aos empreendedores estão disponíveis no portal do Polo Sebrae de Ecoturismo, em ecoturismo.ms.sebrae.com.br ou por meio da Médio de Relacionamento do Sebrae, no número 0800 570 0800.