O Tapado corre risco em várias frentes: ultrapassou a Amazônia porquê bioma mais devastado do Brasil e enfrenta seu pior momento em sete séculos, com secas devastadoras. As queimadas também acometem a vegetação, mas podem ter efeito positivo. É isso que mostrou um estudo publicado em maio no Plant Ecology.

É importante ressaltar que o Tapado enfrenta queimadas espontâneas e que as queimadas por ação humana não são positivas. No entanto, a pesquisa se debruçou sobre o efeito da fumaça liberada por elas na germinação ou na veto do desenvolvimento de vegetais na região.

Paisagem do cerrado no Brasil
Estudo analisou efeito das fumaças de queimadas espontâneas (Imagem: Marcio Francisco Martins/Wikimedia Commons)

Pesquisa é o maior levantamento sobre os efeitos da fumaça das queimadas no Tapado

Segundo a Escritório FAPESP, as vegetais do Tapado evoluíram ao longo de milhares de anos diante da presença de queimadas espontâneas.

Estudos anteriores já haviam investigado o efeito da fumaça sobre algumas espécies do bioma. O levantamento atual analisou 44 espécies típicas do Tapado, sendo o mais completo já realizado sobre a região.

De negócio com Rosana Marta Kolb, professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP) que orientou o estudo, feito pelo doutorando Gabriel Schmidt Teixeira Motta, a pesquisa analisou espécies do estrato herbáceo-arbustivo do bioma, envolvendo gramíneas, outras ervas (não gramíneas), subarbustos e arbustos.

Leia mais:

Queimadas no Tapado podem ter efeito positivo

  • A fumaça causada pelas queimadas espontâneas contém centenas de substâncias, algumas que favorecem e outras que prejudicam a germinação de sementes das espécies do Tapado;
  • As carriquinas são as mais conhecidas. Elas interagem com os hormônios das vegetais para promover a germinação de certas sementes e inibir outras;
  • Kolb explicou que a fumaça gasosa das queimadas envolve variantes difíceis de replicar e, por isso, o estudo utilizou “chuva de fumaça” disponibilizada comercialmente;
  • Ela tem efeito equivalente ao da chuva depois da queimada e pode ser facilmente replicada;
  • Eles usaram duas concentrações da fumaça nos testes: 2,5% e 5%.
Imagem mostra uma estrada de terra com vegetação rasteira do Cerrado ao redor
Estudo simulou fumaça proveninte das queimadas no Tapado (Imagem: Alekk Pires/Shutterstock)

Nem todas as sementes responderam ao estudo

A pesquisa estudou o efeito individual de cada concentração de fumaça em cada uma das 44 espécies, sem se preocupar com a definição de estratégias de manejo de cada uma. Eles estabeleceram que as sementes que reagiram muito à fumaça podem ser plantadas em áreas que passaram por queimadas. Já as que não reagiram muito, não.

Das 44 espécies, 14 (32%) apresentaram aumento na germinação diante da fumaça, com variações dependendo da concentração. Quatro espécies (9%) apresentaram redução na germinação (principalmente na concentração de 5% da fumaça).

Para a orientadora, esses resultados mostram que a fumaça das queimadas pode atuar porquê fomento para algumas espécies do Tapado, oferecendo vantagem competitiva no envolvente pós-fogo.

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