O Sebrae levou 17 empreendedores de todas as regiões do país para o 8º Salão Pátrio do Turismo, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira (9), eles trocaram informações, mostraram passeios e venderam seus serviços e produtos aos chamados DMC, {sigla} em inglês para Destination Management Company, empresas que fornecem serviços, recursos e conhecimentos especializados para outros negócios em áreas uma vez que eventos, atividades e passeios. Foram murado de 200 encontros entre os DMC e esses pequenos agentes de viagens, que aproveitaram para mostrar mais de 20 experiências – termo utilizado para ressaltar os pacotes turísticos diferenciados e que promovem imersões na cultura, história e vivência em cada um dos destinos.
“Pela primeira vez, a gente fez um encontro de resultado, entre as experiências e os DMCs, que são os intermediários com os compradores internacionais, e uma segunda rodada entre os DMCs e esses compradores estrangeiros”, explicou Germana Magalhães, exegeta do Sebrae, que frisou que os agentes de turismo vernáculo foram superselecionados. “Nossa intenção é variar a oferta turística vernáculo e melhorar a qualidade desse turismo, focando em experiências que tenham apelo internacional”, contou, lembrando que houve compradores de cinco países da América do Sul.
Vini Oliveira, da Andarilhos da Chapada, compartilhou sua emoção ao participar de uma rodada de negócios pela primeira vez. Foto: André Cyriaco.
“Foi incrível, emocionante”, complementou, com os olhos marejados, Vini Oliveira, da Andarilhos da Chapada, sobre a rodada de negócios. Ele relembrou todo o esforço investido na sua empresa, sendo esta a primeira oportunidade que se abriu para ele: em duas horas, ele conversou com oito operadoras. “Não estou cansado, estou feliz”.
Sua escritório produz passeios personalizados para cada um dos turistas que o procuram na pequena Mucugê, no Núcleo-Sul baiano. “Buscamos apresentar a Chapada Diamantina de uma forma dissemelhante, proporcionando aos visitantes uma procura por se encontrar, sabendo que nós pertencemos ao todo”, explicou, lembrando que a Chapada Diamantina é maior que a Bélgica. “Temos um mundo de coisas para fazer, ciclo de bikes, trekkings, jantares ao ar livre, piquenique no mirone do Capabode”, enumerou. Há ainda visitas a plantações de frutas exóticas, uma vez que morango e mirtilo, e às vinícolas e cafezais. “Na região, há tanta variedade de climas que há áreas em que, no inverno, a temperatura chega próximo do zero proporção, enquanto em outras, no verão, os termômetros giram em torno dos 40 graus.”
Com um pouco mais de experiência em eventos desse tipo, Nilzete Santos contou que iniciou sua Afrotours em Salvador, em 2007, em uma era em que o turismo da Bahia era só “sol, mar e mulher formosa”, uma vez que explicou. “Comecei apresentando a história que não estava sendo contada, a história dos povos que estavam cá quando os brancos chegaram e a história dos povos que foram trazidos para erigir esse país.” Sua escritório é especializada em mostrar os terreiros de Candomblé, as igrejas transformadas para atender diferentes culturas e o sincretismo religioso.
Hoje, a escritório se expandiu também para o Recôncavo Baiano, onde mostra o Caminho dos Orixás e a sarau da Irmandade da Boa Morte, que acontece anualmente em agosto. “Fui pioneira nisso e eu sabia que iria dar manifesto, porque era o meu turista quem fazia a divulgação. Sabia que daria manifesto porque estava ajudando a minha cultura e o meu próprio povo”, ressaltou.
Marcos Marçal e Edilene Araújo, da Kayré Experiências Amazónicas, de Belém do Pará. Foto: André Cyriaco.
Mais que relações comerciais, uma troca de aprendizados que enriqueceu ambos os lados. Foi mal Edilene Araújo e Marcos Marçal, da Kayré Experiências Amazónicas, de Belém do Pará, sintetizaram sua participação na rodada de negócios. “Quando vai ter a próxima?”, brincaram os dois. “As pessoas não conhecem a Amazônia e estamos cá para dar um contexto histórico e geográfico do lugar”, contaram, informando que atenderam entre dez e 12 pessoas, inclusive gente de fora da lista prévia.
Ana Karolina Orro Borges, da Cruzeiro Pantanal, apresentou aos compradores a proposta de cruzeiro fluvial. Foto: André Cyriaco.
O Pantanal também estava representado. Ana Karolina Orro Borges, da Cruzeiro Pantanal, dividiu histórias que ela oferece para os turistas no seu cruzeiro fluvial, uma proposta incomum no Brasil, uma vez que o encontro com o Zé Meleta, um apicultor que não cria abelhas, mas caça colmeias. “Ele é um encantador de abelhas. Quando há problemas com os insetos, ele é chamado e consegue resolver sozinho. Na hora de pegar o mel, ele não colhe a colmeia inteira, ele tira um pouco de uma para que ela continue sobrevivendo e faz uma rotação. É a própria definição de sustentável”, defendeu.
Balanço positivo
Não foram só os pequenos empresários que gostaram da rodada. Em uma pesquisa realizada entre os DMC, todos, sem exceção, avaliaram a reunião uma vez que ótima ou boa. Quase a totalidade (98%) disse que os agentes estão prontos para receber o turista internacional e 95% deles informaram que há interesse em comercializar as experiências de viagem.
“Foi fantástico”, resumiu o operador José Perié. “O Brasil é um continente, não é um país, e há duas formas de o vender: uma é pela cultura, a outra, pela natureza. A natureza se vende sozinha, mas cá tinha tudo isso e mais um pouco. Todas as propostas são incríveis, zero é predatório e, o principal, todos os agentes trabalham com muito paixão, com muito orgulho”, enfatizou. “Esse é o Brasil que dá manifesto.”
Kellye Neis, dona da Viacapi, que está há 30 anos no mercado. Salão do Turismo. Foto: André Cyriaco.
Além da rodada entre agentes locais e DMC, houve ainda a conexão com players internacionais. Kellye Neis, que participou de ambas, foi sucinta: “Valeu muito a pena”. Para ela, foi uma atitude inovadora e uma solicitação antiga dos DMC, ter essa rodada com compradores internacionais. “Eles vinham para um evento uma vez que esse, visitavam um estande Bahia, gostavam, mas e aí? Não tinham uma vez que comprar”, conta ela, que tem 30 anos de empresa, a Viacapi. “Faltava meio de campo. Eu fazia rodadas de capacitação fora, mas cá, não”, comentou, elogiando também a rodada da manhã. “Não somente eram produtos muito selecionados, uma vez que também os agentes estavam muito capacitados, com informações e material para publicar seus produtos”.
Sinceridade com autoridades
O ministro do Turismo, Celso Sabino, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, com o Projecto Pátrio do Turismo. Foto: André Cyriaco.
A oitava edição do Salão do Turismo segue até domingo (11), no Rio de Janeiro. Com o objetivo de tornar o país o principal líder da recepção aos visitantes na América, o evento é uma promoção do Ministério do Turismo, em parceria com o Sebrae e com o governo do estado, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur). A lhaneza solene, nesta sexta-feira (8), contou com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, do ministro do Turismo, Celso Sabino, além de outras autoridades.
“Turismo é saúde. Turismo é instrução. É sossego. Trabalho e renda”, defendeu o vice-presidente, Alckmin. Já o ministro Celso Sabino aproveitou a oportunidade para lançar as metas para o Projecto Pátrio de Turismo, dizendo que espera receber murado de 7 milhões de turistas estrangeiros ainda leste ano, chegando a mais de 10 milhões em 2027. Aliás, ele também informou que o Rio vai receber o que ele chamou de ONU do turismo, com profissionais internacionais de capacitação do setor se instalando na cidade para desenvolver o turismo em toda América do Sul.
“Criamos 250 milénio novos empregos no setor desde 2022. Voltamos ao patamar de antes da pandemia já no ano pretérito. E, leste ano, estamos com números melhores do que os do ano pretérito”, comemorou Sabino.